Car@ alun@ de logica, esta é uma breve descrição da aula passada. No final da pagina vc pode baixar uma versão pdf das slides. Bom trabalho!
A origem da filosofia - Espanto e libertação
De fato, os homens começaram a filosofar, agora como na origem, por causa do espanto, na medida em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das dificuldades mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas sempre maiores, por exemplo, os problemas relativos aos fenômenos da lua e do sol e dos astros, ou os problemas relativos à geração de todo o universo.[Aristóteles, Metafisica, 932b]
Segundo Aristóteles a filosofia tem
sua origem e sua raiz no espanto (thauma) que provém de uma dificuldade inicial
- aporia - que é provocada pelo fato de existirem argumentos em conflitos. Este
estado inicial de ignorância, comparado por Aristóteles a um homem acorrentado
(Metafísica, 995a), dá lugar a um sentido posterior à aporia que se torna agora
diaporia, exploração de vários caminhos,
exploração que se mostra como um
processo dialético. A estas aporias é buscada e apresentada uma solução -
euporia ou lysis - que literalmente significa "libertação" - mantendo
a metáfora do acorrentar. Segundo Aristóteles, o apresentar e o elaborar de uma
questão, conduzindo à solução, cerne do método filosófico, é uma tarefa difícil
e árdua (Metafísica, 995a).
Questionar é
investigar, abrir espaços seguindo vestígios. A filosofia nasce de uma
necessidade radical de conhecimento. É uma atividade teórica. Filosofar é
teorizar. Como entender esse teorizar?
Theoria - para os gregos - tem por
raiz um termo que designa a visão. A partir do momento em que tentamos ver em
nós mesmos o que experienciamos, surgem em nós representações que são
acessíveis à linguagem. Na verdade, uma experiência como vivido puro que
renuncie a qualquer esforço de expressão não passa de um mito, aliás alimentado
por muitos quando se afirmam incapazes de exprimir sua experiência em uma
linguagem e reiteram o seu caráter inefável.

Estranhamento não é simples
assombro, surpresa. Estranhar-se perante algo, perante as coisas é estranhar-se
delas, fazer-se estranho a elas. Na atitude natural há um contato ingênuo com
as coisas; não há verdadeiros problemas, não há aporia, tudo parece familiar,
evidente, inquestionável. Na estranheza ocorre a ruptura, e o trato habitual
com as coisas é rompido. Ao nos surpreendermos, percebemos logo que as coisas
são estranhas a nós e nós a elas. Estranhos no sentido de diferentes, outros;
separamo-nos delas. Na estranheza desvelamos o que a familiaridade encobria.
Deste contraste entre o familiar e o estranho surge a questão. Na passagem da
atitude natural cotidiana, onde nada é problemático, à atitude teórica ocorre,
e mais, é necessária uma torção, uma conversão que desliga o indivíduo do
comércio ingênuo com as coisas. Da atitude natural à atitude teórica filosófica
ocorre a conversão. Esta conversão é a separação em relação ao que precede e
adesão ou enfrentamento do que vem.
Isso não basta. É necessário que o
homem se estranhe também, vale dizer, volte-se para si próprio e coloque para
si as questões que descobre em seu estranhamento. A reflexão é, pois, outra
etapa da teorização. Questionar é tarefa do pensamento.*
A logica
Somos livres? Quem somos nós, realmente? Nós vamos sobreviver a nossa morte? Somos a mesma pessoa de quando éramos crianças? Se perdêssemos nossa memória, ainda seríamos a mesma pessoa? Estamos nos aproximando ao dia da nossa morte? Por que o tempo passa? Realmente passa, ou é uma ilusão? O que é realidade? Depende das nossas mentes? O que é uma mente? Poderia haver mentes sem corpos? Existe Deus? O que é justo? Qual é a diferença entre mera opinião e o conhecimento?
Uma vez que
nos damos conta que as coisas podem ser bem diferentes de como parecem, e de
como opinamos, e que existem opiniões discordantes entre si, começamos a buscar
razoes para acreditar (ou não acreditar) cada uma das nossas opiniões:
procuramos justificações para nossas afirmações. Não nos contentaremos, por exemplo, com a afirmação
que somos livres (ou que não somos livres), ou com a afirmação que Deus existe
(ou que não existe). Nos filósofos precisamos oferecer razoes para nossas afirmações.
E se nos não concordamos com uma afirmação, não será suficiente dizer que é
falsa. Teremos que demostrar que as razoes oferecidas para ela não são boas
razoes.
Em primeira
aproximação, a logica, objeto deste curso, é o
estudo dos métodos e princípios usados por distinguir quais são as boas razoes,
e quais não, para acreditar em algo. Métodos e princípios que nos permitem distinguir o genuíno conhecimento da mera opinião.
A logica é portanto o fundamento de qualquer conhecimento racional.
Slides da aula:
Aula1: A origem da fiosofia - Espanto e libertação
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