Aulas 24-25: O problema do metodo I (Indutivismo).

Nas ultimas duas aulas discutimos o problema do método cientifico e o problema da demarcação entre ciência e pseudociência. Simplificando a historia da ciência, podemos considerar que ciência moderna tenha nascido o 5 de Julho do 1687, quando o físico inglês Isaac Newton publicou a obra: Principios Matematicos da Filosofia Natural.

O debate sobre o método cientifico se interlaça com o desenvolvimento da ciência desde o começo. Como vimos, a primeira ideia sobre o método da ciência, influenciada por o trabalho de filósofos como Francis Bacon e mas tarde John Stewart Mill, era bastante naive. Basicamente, segundo essa versão "pão com ovo" do método, os cientista coletam e classificam dados empíricos de forma totalmente neutral com respeito as hipóteses (sem preconceitos). Secundariamente, "deduzem" hipóteses a partir desses dados, e finalmente as testam empiricamente.

Os positivistas lógicos, como vimos, tinham uma concepção menos ingenua sobre o método. Hoje na aula ilustrei as ideias de Carl Gustav Hempel (leiam o texto linckado aqui embaixo), o máximo exponente desta concepção indutivista. Para ilustrar a sua concepção, Hempel usou o exemplo famoso da descoberta por tentativas e erros das causas da assim chamada "febre puerperal", que matou inúmeras parturientes no hospital geral de Viena entre 1844 e 1848 (e no mundo inteiro).

Segundo o quadro que emergiu da analysis de Hempel, os cientistas não começam por coletar dados de forma indiscriminada, e sim por uma pergunta. No caso em questão, a pergunta é: qual é a causa do numero desproporcionado de mortes no reparto do hospital de Viena? A fase de formulação das hipótese não seria parte do método estritamente dito. Podemos usar qualquer método para chegar a formular uma hipótese. O que contradistingue o método cientifico, segundo essa concepção, são os testes aos quais subpomos as nossas hipóteses. Basicamente, derivamos consequências observáveis da nossa hipótese, e fazemos experimentos para confirmá-la ou refutá-la (provar que é falsa).

Por exemplo, suponhamos que a nossa hipótese sobre a causa da morte das parturientes seja, como foi suspeitado, o estres psicológico devido á campainha do padre que se acercava para providenciar a extrema unção. O cientista raciocinaria assim. SE a hipótese for verdadeira, então eliminar a campainha diminuiria as mortes. O cientista então procede a verificar se eliminando a campainha as mortes diminuem. Se elas não diminuem, a hipótese fica refutada (provada falsa), e devemos buscar outra. O principio logico deste raciocínio é o modus tollens. Indicando a nossa hipótese com a letra H, e a consequência observável com a letra I ("I" como "implicação"), a forma logica desse raciocínio (modus tollens) é:

Devemos então distinguir o contexto da descoberta (livre, creativo, e possivelmente as vezes até irracional), do contexto da justificação, que sigue a logica indicada emcima.

Leituras essenciais:

Hempel - Investigação científica

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