Aulas 11-14 (pratica) - A logica proposicional

Nas ultimas aulas discutimos alguns aspeitos da técnica das tabelas de verdade para avaliar a validade (ou invalidade) de argumentos dedutivos. A parte da logica dedutiva que estamos tratando, a Logica Proposicional, se ocupa daqueles argumentos cuja validade não depende da estrutura interna das proposições (dás premissas e da conclusão), mas apena dá composição das premissas e da conclusão por meio dos conetivos lógicos ("e", "ou", "não" e "implica"). A parte da logica dedutiva que se ocupa, ao contrario, daqueles argumentos que sim dependem da estrutura interna das proposições (como os "Silogismos Categóricos" que tratamos nas aulas precedentes) se chama Logica dos Predicados. Esta será o ultimo tópico que trataremos na parte técnica do nosso curso. 

Entre outras coisas, introduzimos as noções de tautologia e contradição. E também discutimos as consequências contra intuitivas da tabela de verdade da implicação (os paradoxos da "Implicação Material).  

O objetivo desta parte do curso é fazer com que vocês sejam capais de:

1. Formalizar argumentos discursivos simples (expressos em português) em termos das proposições simples que os compõem e dos conetivos lógicos que são utilizados. Obviamente esta parte pressupõe que vocês sejam capais de individuar quais proposições são as premissas e qual a conclusão. 

2. Escrever as tabelas de verdade por cada premissa e pela conclusão. 

3. Utilizar a informação derivada destas tabelas de verdade por avaliar a validade (ou invalidade) dos argumentos.  


Leitura essencial:

Capitulo 8 do livro de texto.

Aulas 11-14 (teoria) - O idealismo e o problema da indução

Nas ultimas aulas reconstruímos duas ideias muito influentes na historia do penamento ocidental. A primeira é a ideia que nunca estamos direitamente em contato com a realidade externa (física). O objeto direito de nossas percepções - o que estamos vendo em cada momento, por exemplo - nunca é um objeto externo independente de nossa mente, e sim um objeto mental. 

Essa ideia, a ideia que estamos encerrados num "véu de percepções", dominou a cena filosófica a partir (ao menos) da idade moderna, até a primeira metade do seculo passado. Estes intermediários entre nos e o (presunto) mundo exterior foram chamados de formas diferentes por diferentes autores, e cada uma dessas noções é sutilmente diferente das outras. Exemplos são: "ideias" (Berkeley, Des Cartes), "impressões" (Hume), "representações" (Kant), "dados sensoriais" (Russell, Moore, Ayer)... 

Esta ideia foi fundamental pelo desenvolvimento do idealismo, de um lado, e da filosofia da ciência no outro. Como resulta claro das considerações de Berkeley e Hume, esta ideia, conjuntamente com o princípio empirista que os conceitos com os quais pensamos (racionalmente) sobre o mundo originam ultimadamente na experiencia sensível, nos força a ser céticos (Hume), se não idealistas (Berkeley), a cerca da existência do mundo exterior. 

A esperança racionalista que o inteleto humano poderia "perfurar" o véu das percepções por meio de conceitos inatos (a priori), se revelou vã. A tentativa mais influente e sistemática neste sentido é o assim chamado "Idealismo Transcendental" de Immanuel Kant. Quem for curioso de saber como Kant (um racionalista) pretende limitar as teses idealistas do empirista Berkeley, pode ler o (breve) parrafo "Confutação do idealismo" na segunda edição de Kant - Critica da razao pura. (a introdução desse texto é leitura obrigatória para todos). 

Os curiosos de historia das ideias podem ler (online) o texto "Materialismo e Empiriocriticismo" de Vladimir Lenin, por uma reconstrução critica da ideia geral que estamos discutindo. 

Na filosofia contemporânea (entendida como filosofia que esta sendo feita hoje, e não como "Filosofia do seculo XX"), a tese que os objetos direitos das percepções são objetos mentais é chamada de "Realismo indireto". A tese oposta é chamada "Realismo direito". 

A segunda consequência relevante da aceitação quase universal do realismo indireto foi a influente critica de Hume (e Berkeley) á indução e á noção de causa. Boa parte da filosofia da ciência até hoje pode ser pensada em relação aos problemas levantados por Hume no seu clássico: Hume - Ensaio Sobre o Intendimento Humano. Nos párrafos iv, v, vi e vii deste texto (leitura obrigatória), Hume argumenta a impossibilidade de fundar racionalmente o principio de indução, tanto a priori quanto a posteriori. Foi a leitura destas paginas que "acordaram" Immanuel Kant do seu "sono dogmático".  

Por uma reconstrução concisa ao problema da indução, leiam o capitulo 6 ("Sobre a indução") do texto Russell - Os Problemas da Filosofia.

Leituras Essenciais:

Hume - Ensaio Sobre o Intendimento Humano (párrafos iv, v, vi e vii)







Recesso de Pascoa

Querid@s alun@s,

como anunciado durante a ultima aula, amanhã quinta-feira 17/04 não haverá aula.

Abraços,

Emiliano

Aula 10: O argumento da ilusão

Na parte teórica do curso introduzimos alguns argumentos (Alucinação, Ilusão) que pretendem demostrar que nunca estamos em contato direito com o mundo exterior. Estes argumentos foram imensamente influentes. 


Como veremos, a doutrina segundo a qual temos contato direito apenas com objetos mentais, constitui a fonte conceitual primaria do idealismo, do ceticismo e do relativismo contemporâneo. 

Versões desses argumentos podem ser achadas em muitos autores. Dos que tratamos, nas Meditações de Des Cartes e nos primeiros dois capítulos dos Problemas da Filosofia de Bertrand Russell. 

Variantes dessa doutrina podem ser atribuidas a Descartes, Leibnitz, Locke, Hume, Berkeley, Kant, Russell, Wittgenstein, Moore, os Positivistas Logicos... e muitos mais. 

Talvez a versão mais clara desse argumento se encontra no primeiro dos Três diálogos entre Hylas e Philonous, de George Berkeley, que é a leitura essencial dessa aula. Nesse dialogo, o personagem Philonus joga o papel de defensor da posição idealista de Berkeley. 

Leituras essenciais:


Capitulo 8 do livro de texto. 

Aula 9: A Logica Proposicional

Nessa aula introduzimos um método, as tabelas de verdade, para "calcular" o valor de verdade (Verdadeiro ou Falso) das proposições compostas. O método foi introduzido por Ludwig Wittgenstein no seu Wittgenstein - Tractatus logico-philosophicus. Quem tivesse curiosidade de ler o contexto em que foram introduzidas (a explicação de uma doutrina conhecida como Atomismo Logico) pode ler os capítulos 4 e 5 do texto de Wittgenstein. 

Para fines práticos, o método é útil porque permite de "calcular" a validade de muitos argumentos. Um argumento é valido se, e apenas se, não existem casos em que todas as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa. Consultando as tabelas de verdades das premissas e da conclusão, e fácil verificar se, nos casos em que todas as premissas são verdadeiras (V) a conclusão também é verdadeira ou não. Se sim, o argumento é valido. Se não, o argumento é invalido. 

Esse "calculo" dos valores de verdades de proposições compostas a partir do valor de verdade das proposições simples (as indicadas pelas letras p, q... ), constitui a parte da logica chamada Logica Proposicional. Nesse calculo, as proposições simples são tratadas como ... simples, ou seja, não internamente estruturadas. Os argumentos validos que podem ser avaliados usando este método, por tanto, são apenas aqueles cuia validade não depende da estrutura interna das premissas e da conclusao. 

A validade dos silogismos categóricos, por exemplo depende dessa estrutura interna, e portanto a validade deles não pode ser determinada pela logica proposicional. A logica que se ocupa dos argumentos sensíveis á estrutura interna das proposições simples se chama Logica dos Predicados, e sera o argumento de uma das próximas aulas. 


Leituras essenciais:

Capitulo 8 do livro de texto.


Aula 8: É racional acreditar na ciência?

Nessa aula introduzimos algumas distinções importantes. A distinção entre os 4 tipos de proposições categóricas. A distinção entre proposições a priori e a posteriori. E a distinção entre raciocínios dedutivos e indutivos. Introduzimos a técnica de representação e validação diagramática dos silogismos (diagramas de Venn).

Discutimos também do problema da justificação racional dos raciocínios indutivos.

Leituras fundamentais

Capitulo 5 do livro de texto: seções I, II, e III

Capitulo 11 do livro de texto.


Slides

Aula 8